quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O Neoliberalismo

16°) O Neoliberalismo


Neoliberalismo
Podemos definir o neoliberalismo como um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defende a não participação do estado na economia. De acordo com esta doutrina, deve haver total liberdade de comércio (livre mercado), pois este princípio garante o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país.
Surgiu na década de 1970, através da Escola Monetarista do economista Milton Friedman, como uma solução para a crise que atingiu a economia mundial em 1973, provocada pelo aumento excessivo no preço do petróleo. 

Características do Neoliberalismo (princípios básicos):

- mínima participação estatal nos rumos da economia de um país;
- pouca intervenção do governo no mercado de trabalho;
- política de privatização de empresas estatais;
- livre circulação de capitais internacionais e ênfase na globalização;
- abertura da economia para a entrada de multinacionais;
- adoção de medidas contra o protecionismo econômico;
- desburocratização do estado: leis e regras econômicas mais simplificadas para facilitar o funcionamento das atividades econômicas;
- diminuição do tamanho do estado, tornando-o mais eficiente;
- posição contrária aos impostos e tributos excessivos;
- aumento da produção, como objetivo básico para atingir o desenvolvimento econômico;
- contra o controle de preços dos produtos e serviços por parte do estado, ou seja, a lei da oferta e demanda é suficiente para regular os preços;
- a base da economia deve ser formada por empresas privadas;
- defesa dos princípios econômicos do capitalismo.

Críticas ao neoliberalismo

Os críticos ao sistema afirmam que a economia neoliberal só beneficia as grandes potências econômicas e as empresas multinacionais. Os países pobres ou em processo de desenvolvimento (Brasil, por exemplo) sofrem com os resultados de uma política neoliberal. Nestes países, são apontadas como causas do neoliberalismo: desemprego, baixos salários, aumento das diferenças sociais e dependência do capital internacional.

Pontos positivos

Os defensores do neoliberalismo acreditam que este sistema é capaz de proporcionar o desenvolvimento econômico e social de um país. Defendem que o neoliberalismo deixa a economia mais competitiva, proporciona o desenvolvimento tecnológico e, através da livre concorrência, faz os preços e a inflação caírem.
Exemplos de governos que adotaram políticas econômicas neoliberais nos últimos anos:
- No Brasil: Fernando Collor de Melo (1990 - 1992) e Fernando Henrique Cardoso (1995 - 2003)
- No Chile: Eduardo Frei (1994 - 2000), Ricardo Lagos (2000 - 2006) e Michelle Bachelet (2006 - 2010)
- Nos Estados Unidos: Ronald Reagan (1981 - 1989), George Bush (1989 - 1993) e George W. Bush (2001- 2009)
- No México: Vicente Fox Quesada (2000 - 2006)
- No Reino Unido: Margaret Thatcher (1979 - 1990)
Principais teóricos do Neoliberalismo:
- Friedrich Hayek (Escola Austríaca)
- Leopold von Wiese
- Ludwig von Mises
- Milton Friedman (Escola Monetarista, Escola de Chicago)

A Questão Agrária na Nova República


15°) A Questão Agrária na Nova República

Reforma Agrária

 Reforma Agrária não é mera redistribuição de terras. Trata-se de um processo amplo de mudanças que passa pelo campo político, social, técnico e econômico.
  Essencialmente visa a transferir a propriedade da terra de minorias latifundiárias para pequenos agricultores e trabalhadores agrícolas, objetivando o alcance de uma igualdade social maior, de melhor distribuição do poder político e de melhorias de ordem econômica.

Abolicionismo e Reforma Agrária

Segundo o historiador e geógrafo Manoel Correia de Andrade, o movimento político-social em prol das campanhas abolicionista e pela reforma agrária, apesar de separados por um século de distância, guardam entre si a mesma causa remota: surgiram em conseqüência da conquista do território brasileiro pelos portugueses, do sistema de posse e uso da terra imposto à população indígena que habitava o vasto território e aos grandes contingentes de negros trazidos da África para possibilitar o desenvolvimento das grandes plantações.
 Os portugueses procuraram desenvolver uma agricultura destinada à produção de alimentos e matérias-primas tropicais, necessários ao mercado europeu, bem como organizar a exploração de minérios.
 Por meio do sistema implantado, terras foram doadas a colonizadores, que deveriam utilizar grande número de escravos (indígenas e/ou africanos), para produção das mercadorias de interesse do mercado colonial. Para controlar o acesso à propriedade da terra, dizimaram os grupos contrários à escravidão e dominaram a população pelo uso da força.
 Formou-se, então, uma sociedade sem liberdade, em sua maioria, em que a grande concentração fundiária impossibilitava que as pessoas pobres, mas livres, tivessem acesso a terra para o seu cultivo.
 Durou três séculos a exploração colonial e escravagista. No século XIX, iniciam-se as manifestações pela libertação dos escravos.
 A reação dos negros e das elites que entendiam que mudanças de ordem social eram necessárias para assegurar o desenvolvimento do Brasil redundou na abolição da escravidão, por meio de etapas sucessivas.
Com a Lei Áurea (13-5-1988), cessava definitivamente a escravidão, mas não resolvia a situação dos escravos. Leis complementares propostas por abolicionistas, visando à criação de colônias agrícolas para os libertos, a desapropriação de terras não exploradas e o desenvolvimento da agricultura, não foram assinadas.

A República e a terra

Com a abolição da escravatura, a República, que sucedeu à monarquia, procurou substituir os escravos por colonos europeus, especialmente onde se dava a expansão de culturas de exportação, como a do café. Restava aos negros e mulatos trabalhar em sistema de parceria (em que o pequeno produtor pagava a renda da terra com grande parte de sua produção agrícola ou em dinheiro), ou desenvolver culturas de subsistência para os grandes proprietários.

A enorme dimensão do território brasileiro, aliada à pequena concentração de população, contribuiu para o surgimento dos grandes latifúndios, que expandiam seus domínios forçando a venda das pequenas propriedades, ou mesmo expulsando seus donos do local onde viviam.
 Nas áreas mais importantes, onde se cultivava produtos de exportação (café, açúcar, cacau), foram adotadas relações de trabalho, tornando o trabalhador em assalariado. Nas menos dinâmicas, de muita terra e pouca mão-de-obra, surgiram outras formas de relação (arrendamento de pequenos sítios, a parceria e a concessão de terras pela troca de produção).
 A República retardou as medidas agrárias que vinham sendo defendidas por grupos políticos. Surgiam no país formas de exploração dos trabalhadores agrícolas (ex-escravos, na maioria).



Redemocratização – Diretas Já

15°) Diretas Já


AS DIRETAS-JÁ E A REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL

O Movimento pelas Diretas-Já constituiu-se num marco da História do Brasil, pois foi um dos pilares de sustentação da redemocratização, na primeira metade da década de oitenta. Em 1984, pelos quatro cantos do país, centenas de milhares de pessoas, independente de posições contrárias, se juntaram com um único objetivo: conquistar o direito ao voto direto para presidente da República. A ditadura militar, sob a falácia de uma revolução, instalou-se no país em 1964, e, de 1968 a 1975, foi sanguinária, valendo-se de métodos execráveis para manter o controle do sistema. A tortura, o exílio e, principalmente, o assassinato, eram mecanismos utilizados para intimidar, afastar ou acabar de vez com aqueles que lutavam pelos direitos coletivos – acima de tudo, a liberdade. Depois de 1975, a ditadura tornou-se relativamente branda e, em 1984, quando o presidente era o general João Batista Figueiredo, não foi possível impedir a chamada abertura política, àquela altura inevitável, e o estágio seguinte foi a redemocratização.

Mas, antes do júbilo da redemocratização, o Movimento pelas Diretas-Já teve as expectativas frustradas, quando o Congresso Nacional não aprovou as eleições diretas. O ranço militar, com seu conservadorismo exacerbado, não permitiu que os brasileiros pudessem escolher diretamente o presidente da República, permanecendo um jejum de democracia de mais de duas décadas.

O presidente da República deveria ser escolhido pelo Congresso Nacional, e os candidatos eram dois. Paulo Maluf, protótipo construído pela ditadura militar, representava as oligarquias que curvavam-se diante dos carrascos militares. Tancredo Neves, exemplo de resistência à ditadura militar, tinha o apoio da maioria dos brasileiros, mesmo não podendo receber seus votos. Resultado. Tancredo Neves foi eleito presidente da República, alicerçado pelo que fora construído pelos heróis que lutaram contra os desmandos dos militares, principalmente aqueles que sacrificaram a própria vida, verdadeiros mártires, e também todos que participaram, de alguma maneira, do Movimeto pelas Diretas-Já. Alegria geral.

Entretanto, a alegria foi interrompida quando o presidente da República, recém-eleito, faleceu, sem ter tempo de governar o país. Fatalidade? Conspiração? Há defensores dessas duas teses, mas o fato é que, naquele momento, o país passou a ser governado por um quase desconhecido, um tal de José Ribamar Ferreira, ou José Sarney, escritor e político experiente do Maranhão, vice-presidente da República, cujo sobrenome pomposo, aristocrático, americanizado, contrastava com a infância humilde, mesmo simplória. Na verdade, o sobrenome era um apelido herdado de seu pai, que chamava-se Ney e era conhecido entre os americanos que desembarcavam nos portos maranhenses, onde trabalhava, como senhor Ney. Pois esse quase desconhecido, José Sarney, um civil como Tancredo Neves, governou o país continental chamado Brasil, de 1986 a 1989, sob o lema “Tudo pelo Social”. Na realidade, foi uma espécie de governo transitório entre a ditadura militar e a redemocratização, uma quase escolha democrática, sem o voto direto. E em que pesem alguns desastres econômicos (quem não se lembra dos tempos negros em que a inflação pairava na estratosfera, e não havia produtos para comprar, como carne?), em seu governo, entre outras coisas, o direito à liberdade de expressão ganhou contornos consideráveis. Mas como teria sido o governo de Tancredo Neves? Nunca haverá uma resposta.

MPB e o DOPS

13°) MPB e o DOPS


Ajudando a definir a identidade cultural do brasileiro.

Em alguns momentos ajudou na propaganda política. Em outros, lutou contra o silêncio imposto pelos governantes. Refletiu mazelas que a população sofria. Expôs feridas. Caracterizou elementos da população. Popularizou costumes e gírias.
Pixinguinha e Vinicius
Na foto ao lado, dois dos maiores expoentes da música popular brasileira: Pixinguinha eVinicius. O primeiro, um verdadeiro maestro, um gênio da música instrumental, considerado por muitos o “pai” da música popular brasileira. O segundo foi um grande poetinha, compondo canções belíssimas, poemas que até hoje embalam vários casais apaixonados.
Não dá para imaginar a música brasileira sem estes dois ícones, assim como não dá para falar de música no Brasil sem citar um outro elemento importantíssimo para a popularização de vários artistas. Este elemento não era músico. Não compunha, não tocava instrumentos e sequer tinha mãos para tal, pois não era uma pessoa, e sim um objeto, cada vez mais presente nas casas brasileiras a partir da década de 1930: o rádio.
A Era do Rádio:
A primeira transmissão radiofônica do Brasil aconteceu em 1922, com um pronunciamento do então presidente, Epitácio Pessoa, e a transmissão da ópera “O Guarani” diretamente do Teatro Municipal no Rio de Janeiro.
Mas as primeiras radiodifusoras do Brasil inauguraram suas transmissões somente em 1923. Na programação, além dos noticiários, as emissoras começaram a investir na música. Programas eram transmitidos “ao vivo” diretamente dos auditórios, com a participação dos melhores artistas da época.Gradativamente o rádio vai tomando lugar como importante veículo de comunicação e entretenimento da população brasileira. Comerciantes colocavam rádios em seus estabelecimentos “para atrair a freguesia”. Era mais rápido transmitir fatos pelas ondas do rádio do que pelos jornais. Não é exagero dizer que com o rádio a comunicação sofreu uma nova revolução, após a invenção do telégrafo no século XIX.
Mas é a partir de 1930, com o governo de Getúlio Vargas – na foto ao lado aguardando, pelo rádio, o resultado das eleições – que o aparelho, no Brasil, tem seu “boom” enquanto instrumento de comunicação de massa. O governo, na época, incentivou o desenvolvimento profissional, técnico e comercial dos profissionais que trabalhavam diretamente nas rádios brasileiras. Mas, ao mesmo tempo que incentivava o desenvolvimento da “indústria do rádio”, o governo censurava aqueles meios de comunicação que eram opositores do regime, principalmente após o golpe de 1937.
O governo Vargas também ficou marcado por uma forte propaganda nacionalista, focando justamente na identidade do povo brasileiro. Portanto, nada mais justo do que valorizar a cultura do país, a maior expressão desta identidade nacional brasileira, propagada pelas ondas do rádio.
E como o governo incentivava o entretenimento – até mesmo para desviar o foco das críticas– as rádios passaram a contratar artistas para seus programas de auditório, ao invés de só convidá-los para um ou dois programas, ainda mais após a liberação dos “reclames” entre a programação, já que as rádios dependiam dos anunciantes para manter a programação.
Artistas como Carmen MirandaHeleninha CostaAtaulfo AlvesDolores DuranNelson GonçalvesOrlando SilvaSílvio CaldasAraci de Almeida e Dalva de Oliveira entraram para a história da música brasileira interpretando composições de Lamartine BaboAry Barroso,Braguinha, Joubert de CarvalhoNoel Rosa e Cartola, entre outros. Qualquer pesquisa rápida no Google vai levá-los à composições da época, acho que não é necessário linkar nenhuma música.
Cesar de Alencar e Dircinha cantam na Rádio Nacional. [fonte]
Durante as décadas de 1930, 40 e 50, músicas como “Aquarela do Brasil“, “Ave Maria do morro“, “Estatutos da Gafieira“, “Mulata assanhada” e “Carinhoso” cantavam a alegria, as belezas naturais do Brasil, as mazelas, a malandragem do povo brasileiro.
Junto a isso, no final da década de 1950 inicia-se no Brasil um grande movimento musical: a bossa nova, nascida entre os músicos da classe-média do Rio de Janeiro. Na verdade, a bossa era uma forma diferente de cantar o samba, abusando do violão e do piano em um ritmo mais cadenciado, mas com o tempo a bossa incorporou alguns elementos do jazz norte-americano e acabou virando um ritmo único no mundo, feito por brasileiros e consumido pelo planeta.
Além do nascimento da bossa nova nos fins de 1950, temos que citar que durante as décadas de 1940 e 1950 o país passou por algumas mudanças importantes. Getúlio, que deixou o poder após o fim da Segunda Guerra, voltou eleito pela população – ele ficou no poder até 1945 após um já citado golpe em 1937. O mundo não estava mais em guerra, o país estava diretamente alinhado com os E.U.A. em sua política externa, mas entre a população e os políticos encontrávamos membros simpatizantes da ideologia comunista, que já polarizava o mundo desde o fim da Segunda Guerra.
Após o suicídio de Getúlio Vargas em 1954,Juscelino Kubitschek – na foto ao lado em uma visita à Radio Nacional – é eleito, e o presidente bossa nova, como era conhecido, mudou a capital do Rio de Janeiro para Brasília, cidade no planalto central projetada e construída para servir de centro governante do país.
Durante a década de 1950 o Brasil talvez tenha assistido – ou melhor, ouvido! – o ápice do rádio, presente na imensa maioria de lares brasileiros. Assim como hoje em dia a TV influencia opiniões e costumes, na época o rádio ajudava a construir parte desta cultura brasileira.

Tortura e Direitos Humanos na América Latina

12°) Tortura e Direitos Humanos na América Latina


Na América Latina, a tortura foi bastante praticada contra índios e negros
durante o período colonial. No Brasil, tem-se que a tortura foi utilizada de forma
indiscriminada contra os escravos, estando, deste modo, vinculada à questão da
discriminação racial.

A partir de 1960, uma onda de regimes militares “direitistas” começou a
dominar boa parte da América Latina. Na Argentina, os militares assumiram o


poder com a tortura e mortes. No Brasil, as Forças Armadas tomaram o poder em 1964 e encontraram nas tentativas de guerrilhas e revolta uma desculpa para a repressão feita pelo regime militar. Também no Chile houve, em 1973, um golpe militar cujo governo durou quase 20 anos.Os elevados índices de violência e a ausência de segurança pública continuam sendo motivo de preocupação e geram instabilidade social na América Latina, afirma o último relatório da Anistia Internacional.

A partir da análise dos relatórios de cada país, é possível notar, em toda a região, uma tendência de criminalização da pobreza e dos jovens. Quadro que é agravado pela impunidade que tolera a ação de 
grupos de limpeza social, formados por agentes do Estado ou da sociedade civil. Também são citados atos hostis e ameaças contra os defensores dos direitos humanos.
Os países e a cultura variam, mas os problemas são similares. Neste dossiê destacamos os casos do Brasil, El Salvador e de Honduras, abordados pelo Comunidade Segura a partir de entrevistas e dados relevantes.
O relatório "O estado dos direitos humanos no mundo" foi apresentado em Londres pela secretária-geral da Anistia Internacional, Irene Khan, e analisa por regiões a vigência das garantias individuais.
O documento enfatiza a violência contra as mulheres, contra as crianças, o tráfico de armas, a pena de morte, as diferentes formas de tortura e de terrorismo, assim como a Justiça Internacional. Faz também um apelo para que os defensores dos direitos humanos possam trabalhar em paz.

Movimento Operário de 1950-1960

11°) Movimento Operário de 1950-1960

No Brasil, as primeiras notícias das lutas operárias remontam a 1858, quando tipógrafos do Rio de Janeiro entraram em greve reivindicando aumento de salário. Nesses momentos iniciais da organização do movimento operário, destacou-se a influência da ideologia anarquista, trazida ao Brasil pelos trabalhadores imigrantes, sobretudo italianos e espanhóis.


O movimento operário brasileiro viveu anos de fortalecimento entre 1917 e 1920, quando as principais cidades brasileiras foram sacudidas por greves. Uma das mais importantes foi a greve de 1917 em São Paulo, em que 70 mil trabalhadores cruzaram os braços exigindo melhores condições de trabalho e aumentos salariais. A greve durou uma semana e foi duramente reprimida pelo governo paulista. Finalmente chegou-se a um acordo que garantiu 20% de aumento para os trabalhadores.


A ascensão do movimento operário no Brasil naqueles anos finais da década de 1910 relacionava-se diretamente à vitória dos comunistas na Revolução Russa. Vários grupos operários no Brasil e no mundo acreditavam que havia chegado o momento de colocar um fim à exploração capitalista e construir uma nova sociedade. Esse entusiasmo não foi suficiente, no entanto, para que a revolução se disseminasse. Os anos 1920, a pesar de alguns avanços em termos de legislação social, foram difíceis para o movimento operário, que foi obrigado a enfrentar grandes desafios.


O primeiro deles foi o aumento da repressão por parte do governo. A justificativa apresentada era a de que o movimento operário era artificialmente controlado por lideranças estrangeiras radicais que iludiam o trabalhador nacional. Por conta disso foi aprovada no Congresso, em 1921, a Lei de Expulsão de Estrangeiros que permitia, entre outras coisas, a deportação sumária de lideranças envolvidas em distúrbios da ordem e o fechamento de organizações operárias. O principal alvo dessa lei eram os anarquistas.


Todos esses esforços não foram suficientes para produzir uma mudança significativa na vida material do conjunto da classe trabalhadora no final dos anos 1920. A legislação aprovada quase nunca era aplicada. Isso ocorria, entre outras razões, porque o movimento operário encontrava-se ainda limitado e restrito a alguns poucos centros urbanos. Apesar disso, não se pode deixar de reconhecer que foi na década de 1920 que o movimento operário brasileiro ganhou maior legitimidade entre os próprios trabalhadores e a sociedade mais ampla e começou a se transformar em um ator político que iria atuar com maior desenvoltura nas décadas seguintes.


Para combater a influência das ideologias de esquerda, Vargas traçou uma estratégia de captação do movimento operário a partir de 1930, com o Trabalhismo. No Brasil, o trabalhismo começou propriamente em 1945, com a fundação do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) sob a inspiração de Getúlio Vargas. Durante as décadas de 1950 e 1960, o trabalhismo foi a principal manifestação ideológica de esquerda na política brasileira, atraindo setores e eleitores que não se identificavam nem com a direita nem com o comunismo.


A Getúlio Vargas também é creditado a Lei da Sindicalização, que vinculava os sindicatos brasileiros indiretamente - por meio da Câmara dos Deputados - ao Presidente. Assim sendo, houve, na Era Vargas, grandes avanços na legislação trabalhista brasileira, muitos deles não devidos exatamente a Vargas - a quem cujo crédito maior é o estabelecimento da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), cujo objetivo principal é a regulamentação das relações individuais e coletivas do trabalho.

Expansão do Anarquismo

A expansão do anarquismo foi rápida nas grandes cidades brasileiras nas primeiras décadas do século XX. Suas propostas de extinção do Estado, a democracia direta, o fim da propriedade privada dos meios de produção e a igualdade social encontraram receptividade entre os trabalhadores naqueles tempos em que o jogo político era exclusividade das oligarquias e praticamente inexistia qualquer proteção ao trabalho. Governo e patrões eram vistos pelos anarquistas como inimigos a serem combatidos a todo custo. Suas idéias eram difundidas por meio de congressos e por uma imprensa própria e, entre outros, destacaram-se como divulgadores do ideário anarquista José Oiticica, Everaldo Dias e Edgard Leuenroth.

Expansão do Comunismo

A partir de 1922, outra corrente se definiu dentro do movimento operário: a dos comunistas. Naquele ano, embalados pela criação do primeiro Estado Socialista na Rússia, militantes brasileiros fundaram o Partido Comunista do Brasil (PCB). Entre os fundadores estavam ex-lideranças anarquistas como Astrogildo Pereira e Otávio Brandão.

Ao contrário dos anarquistas, que viam o Estado como um mal em si, os comunistas o viam como um espaço a ser ocupado e transformado. Essas concepções os levaram, seja na ilegalidade, seja nos breves momentos de vida legal, a buscar aliados e participar da vida parlamentar do país. Uma liderança que os comunistas tentaram atrair em 1927 foi Luís Carlos Prestes, que naquele ano se exilou na Bolívia. Através do Bloco Operário Camponês (BOC), sua face legal, o PCB elegeu dois vereadores para a Câmara Municipal carioca em 1928: o operário Minervino de Oliveira e o intelectual Otávio Brandão.

Obs.: O 1º de Maio

O Primeiro de Maio é uma data de grande significado na história das lutas sociais em todo o mundo. A data foi escolhida por um congresso internacional de trabalhadores, realizado em Paris em 1889, para homenagear cinco operários que participaram de uma greve, em Chicago, nos EUA, em 1886. Reivindicavam a redução da jornada de trabalho para oito horas. Provas forjadas envolveram os operários num atentado, e eles foram julgados e condenados ao enforcamento.

Revolução Cubana e produção cultural

10°) Revolução Cubana e produção cultural

Terminado o segundo conflito mundial (1945), iniciou-se a Guerra Fria, responsável pela divisão do mundo em dois grandes blocos. O Bloco Ocidental, liderado pelos Estados Unidos, a verdadeira superpotência do mundo capitalista, e o Bloco Oriental, socialista, sob a hegemonia da União Soviética. Todas as principais ocorrências internacionais passaram, então, a refletir o choque ideológico que opunha os dois blocos. A América Latina, fiel à "solidariedade continental" e sob a influência direta dos Estados Unidos da América, surgiu com um importante espaço na geopolítica da guerra de blocos. Afinal, a Doutrina Monroe já preconizava, no século XIX, que a América era para os "americanos", nem a intervenção militar norte-americana deveria ser descartada para mantê-la assim: unida e livre de qualquer influência soviética.

Antes que se encerrasse a década de 1950, entretanto, os Estados Unidos viam quebrar essa unidade. A ilha de Cuba, a pouco mais de 130 quilômetros da costa da Flórida, conhecia a primeira vitória do socialismo em solo americano.

A Revolução Cubana
Cuba foi a última colônia americana a libertar-se do domínio metropolitano. Parte do domínio espanhol, sua independência foi obtida após a guerra hispano-americana (1898), com a ajuda militar norte-americana. O envolvimento dos Estados Unidos no conflito com a Espanha foi a única alternativa encontrada pelos norte-americanos, há muito tempo interessados na produção açucareira e nas minas cubanas. Antes da guerra contra a Espanha, os Estados Unidos chegaram a propor a compra da ilha de Cuba, o que foi recusado pelos espanhóis.
Após a libertação da ilha, os norte-americanos governaram por três anos a nova República das Antilhas. Em 1902, a Emenda Platt, inserida na Constituição cubana, assegurava aos Estados Unidos o direito de intervir militarmente no país para garantir sua independência. Em 1903, o governo cubano arrendou aos Estados Unidos a base militar de Guantánamo. A partir daí, não foram poucas as intervenções de fuzileiros americanos para garantir a ordem em território cubano. Durante as primeiras décadas do século XX, a participação direta dos Estados Unidos na vida econômica de Cuba, com investimentos na modernização da produção açucareira, por exemplo, desnacionalizou a economia cubana, tornando a ilha uma moderna feitoria agroindustrial. Com os problemas nacionais, decorrentes da dependência externa, a miséria no campo e a insatisfação social, cresceu o sentimento anti-imperialista e nacionalista, reprimido duramente pelo governo controlado pelos Estados Unidos.
Entre as classes sociais as disparidades eram gritantes. De um lado, uma pequena elite permanecia encastelada e servindo aos interessas do capitalismo norte-americano - que somente entre 1946 e 1958 investiram 80.000.000 de dólares na ilha.
As camadas pobres apresentavam-se como o grupo mais próximo da defesa de um sentimento de nacionalismo, pois a emergência dessa camada deu-se com a penetração de capitais estrangeiros que transformaram os camponeses em trabalhadores assalariados rurais - fato que destoa do restante da história latino-americana, onde esse tipo social surgiu posteriormente ao advento dos Estados nacionais.
Enquanto os trabalhadores rurais da América Latina passavam pelas mãos dos caudilhos, os trabalhadores cubanos conheciam diretamente o poder do capital monopolista norte-americano - que na década de 1950 controlava 40% da produção açucareira. Fato importante a ser destacado com relação a Cuba é que a maioria dos trabalhadores eram rurais e não urbano-industriais, pois a industrialização não foi priorizada pelos investidores estrangeiros.
Os efeitos do imperialismo recaíam sobre esse numeroso grupo, que sofria desde o desemprego até a exploração brutal da força de trabalho, mas que sustentava uma posição política contrária à situação pela qual estava passando.
A classe média encontrava-se dividida entre os apoiadores da elite e os intelectuais sensíveis aos protestos. Comportava-se como um grupo extremamente heterogêneo e desarticulado internamente, sem oferecer um projeto político para Cuba.
Em 1925, subiu ao poder o ditador Gerardo Machado, que, não resistindo aos efeitos da crise de 1929, foi derrubado em 1933 por um movimento popular liderado por Ramón Grau de San Martin.
Em 1934 surge na política cubana a figura de Fulgêncio Batista, um sargento do Exército, que marcará a história cubana por ter se tornado várias vezes "presidente" do país. O período de governo de Fulgênio Batista estendeu-se de 1934 até 1959. Somente foi interrompido entre 1944 e 1952, quando o Partido dos Autênticos elegeu Ramón Grau de San Martin e seguido a esse, em 1948, foi eleito Pio Socarrás, deposto pelo próprio Fulgênio Batista.
A partir desse período, a tendência foi de aprofundamento da dominação norte-americana sobre Cuba, que é descrita como sendo esse momento o "bordel" dos Estados Unidos.
O ano de 1953 marca-se de importância para Cuba, pois o movimento estudantil passa a promover manifestações contra o governo de Fulgênio Batista.
Em 26 de julho desse ano, Fidel Castro - um advogado e membro do Partido Ortodoxo - liderou um ataque ao quartel de Moncada. Frustada a tentativa, os rebeldes foram para a prisão e, em maio de 1955, depois de anistiados, foram para o exílio no México.
Fora de Cuba, Fidel e Raul Castro e médico argentino Ernesto "Che" Guevara organizaram o movimento 26 de julho, com o claro objetivo de voltar a Cuba a derrubar a ditadura de Batista.
O desembarque dos revolucionários do iate Granma estava sendo esperado pelas tropas de Fulgênio Batista e marcou-se por uma sangrenta luta que levou à morte a maior parte dos integrantes do movimento.
Fidel, Raul e "Che" conseguiram chegar à Sierra Maestra, de onde passaram a organizar os camponeses para a luta armada. Ao mesmo tempo, os rebeldes buscavam o apoio de setores da burguesia contrário à ditadura de Fulgêncio Batista e que acreditavam em um projeto nacionalista para Cuba, dentro do respeito à propriedade privada. Era assinado, então, o Manifesto de Sierra Maestra, que no ano seguinte, 1958, foi ampliado pela formação da Frente Cívico-Revolucionária Democrática, no qual a burguesia cubana concordava com a luta armada para depor Fulgêncio Batista.
Em outubro de 1958 teve início a "Marcha sobre Havana", que cai em mãos dos rebeldes em janeiro de 1959.
Com a fuga do ditador, montou-se o Governo Provisório, tendo à frente o presidente Manuel Urrutia e o primeiro-ministro Miró Cardona, que no início era apenas reformista.
São nacionalizadas empresas norte-americanas de petróleo e transporte, reformuladas as políticas de educação e saúde pública, suprimidos os latifúndios e realizada a reforma agrária.
A tensão entre a burguesia e as camadas populares se ampliam na medida em que essas consideravam as reformas precárias em relação às suas necessidades. Logo, o primeiro-ministro Miró Cardon é substituído por Fidel Castro, o que levou à preponderância dos anseios populares.
As medidas reformistas foram suficientes para provocar o descontentamento norte-americano, que foi impondo uma série de medidas restritivas - como por exemplo o boicote ao açúcar e a tentativa de invasão ao território cubano em apoio aos anticastristas, no malogrado desembarque à Baía dos Porcos.
As pressões norte-americanas, em meio à Guerra Fria, culminaram com a expulsão de Cuba da OEA, em 1962. Desse episódio, a URSS aproveita-se para enfraquecer as posições dos Estados Unidos e prometem instalar uma base de mísseis em Cuba, gerando um dos episódios mais tensos da Guerra Fria, quando navios americanos impedem a frota russa de chegar à ilha, em outubro de 1962.
Em troca de pretensa paz mundial, Estados Unidos e URSS assinam um acordo em que a URSS se compromete a não instalar bases de mísseis em Cuba e os Estados Unidos a não tentar invadir novamente a ilha.
A partir de então, Cuba passa a vivenciar a primeira experiência socialista da América Latina. Em 1963, foi criado o Partido Unificado da Revolução Socialista que, em 1965, foi substituído pelo Partido Comunista Cubano.